quarta-feira, 8 de abril de 2009

Futebol Anticristo

Em “O Anticristo” Nietzsche critica fervorosamente o cristianismo, e tem fundamento. Não é nada contra Jesus, o que o incomoda é a prática do cristianismo.

Jesus era legal, Kaká gosta dele e Carlinhos Bala também.

O que o filósofo diz é que a prática do cristianismo vai contra os princípios do futebol (ele disse que era contra a natureza humana, na verdade). Vai contra o desejo de crescer, de conquistar poder, vencer, ser o melhor, competir, ser o mais forte, conquistar glórias.

Para Nietzsche aquilo que é bom para o homem é tudo o que o faz maior, que dá mais poder, e a felicidade para o homem é a sensação de que esse poder aumenta. Ruim é “o que se origina da fraqueza”, e, portanto, não há algo mais nocivo ao homem do que a “compaixão posta em prática em nome dos malogrados e dos fracos”, ou o amor indiscriminado ao próximo. Isso compromete o crescimento do homem, é pura resignação, e não está na natureza do homem, nem tem lugar no futebol.

É mais fácil para o homem ter o futebol como religião, é natural. E talvez a única prática cristã do futebol brasileiro seja a "não acumulação de riquezas", mas isso não é um valor, é pura incompetência.

Já a idéia de amor ao próximo do filósofo é que o mais forte deve naturalmente ajudar o fraco a perecer... Mas isso, Nietzsche, já não é do futebol. Esse esporte é uma religião com outros valores, mas ainda assim ele é pra todos. O esporte hoje é visto como uma ferramenta essencial para a construção do caráter, é disciplinar. O futebol é coletivo, ensina a ganhar e perder, e tem como valores o respeito, o fair-play e a inquietação, e não a vitória a qualquer custo.


A filosofia do futebol posta em prática não prega o perdão ou a compaixão com os mais fracos, mas faz algo muito melhor: é solidário a todos na conquista de poder. Ele busca o crescimento, a vitória e o respeito coletivo. Busca a plenitude e a acumulação de forças.

O futebol não é nada cristão, mas com certeza salva. E é muito mais fácil e barato fazer um bom campinho do que construir uma igreja.


Nietzsche disse sobre o homem:
"Nosso destino – ele era a plenitude, a tensão, o acumular de forças. Tínhamos sede de relâmpagos e grandes feitos; mantivemo-nos o mais longe possível da felicidade dos fracos, da “resignação"...".